Que havemos de fazer?

Tenho a mania de avaliar a qualidade de um livro pela primeira página. Tento perceber, logo nas primeiras frases, o tom, a respiração, o fôlego, a têmpera, a mão, a voz do autor.
Foi assim que, curioso pelo sucesso simultâneo de vendas e de crítica, tomei nas mãos as 800 páginas de "As Benevolentes", de Jonathan Littell. E logo nos primeiros parágrafos leio:

Durante muito tempo, cada um de nós rasteja nesta terra como uma lagarta, na expectativa da borboleta esplêndida e diáfana que traz em si. E depois o tempo passa, a ninfose não chega, ficamos larva, constatação aflitiva, que havemos de fazer com ela?
Não é preciso ler mais. Este livro será meu.

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