Tempo, tempo, tempo

Quase duas semanas depois da última entrada, faz todo o sentido "regressar" com algumas citações colhidas recentemente sobre o tempo - esse bem cada vez mais escasso e sem o qual poderemos ser bons funcionários mas nunca bons professores:

Matias Alves, no
Terrear:

Evidente que o tempo é hoje nas nossas escolas o factor crítico número um. Porque é escassíssimo. Porque se dispende enormemente. Porque muitas vezes é tempo perdido (como aqui também já escrevi, várias vezes). Porque nos afogamos em papéis. Porque estou a deixar de ser aluna e assim não poderei ser professora, numa confissão lancinante de uma professora.
Teresa Martinho Marques, no Tempo de Teia:
Das 8 às mais que 8. Já não chove só do lado de fora. Há uma chuvinha aqui por dentro a marcar o compasso dos dias. Tento sacudi-la. Às vezes não é fácil.
Miguel Pinto, no Correio da Educação:
A intensificação do trabalho docente vai fazendo as suas vítimas, paulatinamente. Sentimentos de culpa, isolamento, ansiedade e frustração, são alguns dos efeitos da mudança que tem sido introduzida, compulsivamente, pela via legislativa no trabalho dos professores.
Acho que em breve seremos confrontados com estatísticas que irão revelar a queda drástica do absentismo dos professores. O que esses números não dirão é da queda drástica da saúde mental dos mesmos. E do empobrecimento da sua acção pedagógica.

P.S.: Segundo o relatório OCDE sobre a educação de 2007, os mexicanos passam o dobro do tempo que nós passamos na escola durante um ano. No entanto, os resultados do seus alunos em provas internacionais ainda são piores do que os nossos...

P.P.S.: Acabo de descobrir que o Matias Alves, ontem mesmo, falou deste assunto. Obrigatório ler.

P.P.P.S. (e último...): a semana passada, um colega confidenciou-me que já ia na sua 28ª reunião desde o início do ano lectivo. Pode haver quem chame a isso "produtividade". Não eu.

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